terça-feira, 23 de março de 2010

MESTRE MARCINHO E IKEBANA COMO VIDA - LÍBANO MONTESANTI CALIL ATALLAH


MESTRE MARCINHO E IKEBANA COMO VIDA

O Templo Luz do Oriente promoveu palestra sobre a arte da Ikebana. Estive lá, a convite de Karina Kramer. Valeu!O óbvio é sentirmo-nos felizes por adentrar um recinto tão bem cuidado, onde a proposta é levar vida até as pessoas que lá chegam.Todos os lugares estavam ocupados. Mestre Minoru Nakahashi proferia a palestra sobre o mesmo assunto, Ikebana, flores com vida, que tem vida, que se mexem.À tarde ensolarada era muito propicia, não poderia existir opção melhor para assistirmos a uma palestra do que aquela.Nós resolvemos criar um novo tipo de Ikebana, afirma agora Marcinho, usamos uma materialidade mais diversificada, contando com flores e plantas produzidas aqui no Brasil, nós aproveitamos tudo que nossa flora oferece e que temos, em mãos, na hora de confeccionarmos um trabalho. Nosso objetivo é mostrar nossa sensibilidade através desta arte, que é como todas as outras, com todos seus valores intrínsecos.Nesta arte nós dialogamos com as flores e as mesmas devem dialogar com os espectadores. É uma linguagem com todas as complexidades das outras, porem naturalmente simples, sem complicações.É arte tridimensional, com muito movimento, cores e vida. O ikebanista eleva e matem seu espírito aberto enquanto compõe seu trabalho. É isso, ele desperta nas pessoas o mesmo sentimento. O contágio é imediato e enquanto expostas o ambiente ficar mais alegre. Depois que murcha, faz-se outra. Provoca um movimento que nos é muito prazeroso. Sempre muda. Então sempre fazemos também.Marcinho nos informa que no Japão, o lugar mais alto da casa é para uma obra de arte, pode muito bem ser uma Ikebana, que é arte mesmo. Com interferência do homem, a flor vai para um vaso. É colocada junto de outras como uma escultura, só que com vida. É arte viva.Senhor Minoru já afirmara que é através das mãos dos seres humanos que Deus tece sua obra aqui na Terra.Então está tudo muito justo, oferece-nos também tudo que precisamos para elaborarmos um trabalho, que dá prova de sua existência, a Ikebana.O mestre Minoru nos informa que foi principalmente depois da Segunda Guerra, que as mulheres começaram a praticar essa arte, os homens estavam na guerra, afirma. A arte não podia parar, tinha de continuar. Hoje tanto os homens como as mulheres praticam Ikebana.Um diplomata chinês observou que esta arte representava o respeito pela natureza. Era como a música, uma arte para elevar o espírito humano.
 
É exatamente o que acontece quando olhamos uma Ikebana. Ficamos felizes com sua beleza, examinando sua composição, sem notarmos assimilamos toda a vida que nos transmite através de sua composição estética, às vezes muito criteriosamente tratada. Em muitas composições não é necessário flor, podemos criar resultados com galhos e também com flores. 
Aqui no ocidente os vasos são carregados de flores, não é ai que está à beleza, é na forma natural de arranjar os vasos. Não existe um conceito de beleza definido, trabalha-se com o que se tem em mãos, mas o ikebanista deve ter muita força em seu caráter.É verdade que para uma boa estética, fica mais agradável usar critérios que somente com experiência se consegue assimilar, não pode ser qualquer vaso com qualquer vegetal, sua montagem não pode agredir a natureza, os elementos usados podem muito bem serem limpos de seus excessos.Marcinho garante que existem técnicas que permitem as flores viverem bastante tempo. Em painéis grandes a Ikebana tem durar mais tempo.Em sua palestra o mestre Marcinho inicia uma apresentação, uma composição com um vegetal que parece um cipó, enrolado criteriosamente, ele terá sua função estética importante nesta composição, juntamente com palhas de Chorão, que representam longevidade. Ao arranjar os ingredientes e considerando seus significados consegue-se, somando mais uma flor, obter uma bela Ikebana. As pessoas presentes vibram com o resultado.O movimento de uma Ikebana deve imitar os mesmos que na natureza já encontramos, é esse um dos objetivos dos ikebanistas, imitar a própria natureza. Fazer parecer que todo trabalho foi elaborado por vontade dela, a natureza. Lembremos de seus três principais elementos: Céu - Terra - Homem. Nessa interação o céu é o presente, o tempo é a profundidade e o homem a atitude. No vaso cria-se uma hierarquia, as peças obedecem aos mesmos critérios de uma obra de arte clássica. Por exemplo: profundidade, perspectivas, atmosférica, por eliminação de detalhes e geométrica, luz e sombra, elementos fortes junto dos fracos, etc. O espectador é chamado para dentro da obra.Normalmente o vaso usado é obra de arte, assim como a Ikebana pode ser confeccionada livremente, os vasos para suporte, podem variar muito, como modernos, antigos, de cerâmica, metal. Pode-se compor em cesta de vime, evidentemente interagindo com o natural. 


Devem ser confeccionadas com direção, profundidade, altura e largura.Marcinho explica, quando interfere sua própria composição com galhos de capim napier, que são linhas, são aplicados como traços, grossos ou finos, importa o movimento que podem representar no trabalho.Marcinho recebe de suas alunas e alunos os elementos a serem usados nas composições que produz ao vivo, diante de uma plateia muito atenta. É tudo muito bem feito e prevalece o respeito entre todos os participantes. São acompanhados de espírito de colaboração muito grande.Na Ikebana, as estações do ano são elementos que interferem diretamente no trabalho dos ikebanistas. Quando coloca em uma composição um galho de mexericai, explica que no Japão as estações são muito definidas, mas aqui também influencia na produção desta arte um tanto quando desconhecida, ainda, aqui no Brasil.A paz que transmite essas composições de Ikebana aos seus espectadores, realmente tudo leva a crer que muito mais importante ainda é a felicidade de se poder conviver com a natureza, em qualquer que seja a dimensão do espaço que nos é oferecido. Resta-nos então apreciar cientes que de repente podemos, dentro de nossos limites, confeccionarmos, também Ikebana para o deleite de todos os que nos acompanham.

Líbano Montesanti Calil Atallah
Professor


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