quarta-feira, 28 de outubro de 2009

BIBLIÓFILOS HERÓIS FORTES



BIBLIÓFILOS HERÓIS FORTES

O que será do livro, sendo raro ou não, sendo caro ou não? Se faltar tempo para a leitura, então vamos com essa desculpa para o beleléu cultural.
Há quarenta anos atrás, enquanto começava minha atividade como livreiro, junto de meu pai Líbano Calil Atallah, na Livraria Calil, conceituada em nosso país, com meus poucos dez ou onze anos, via aquele entrar e sair de intelectuais, colecionadores, estudiosos e leitores de toda ordem liam tudo, todos os assuntos, se bem que éramos especializados em assuntos brasileiros, mas não didáticos ou técnicos.
Na pouca idade entendia tudo aquilo que via o dia inteiro como uma coisa meio esquisita. Eu estava apenas começando
Eu estava no beleléu cultural, não sabia nem raciocinar, mas meu pai determinou que fosse com ele minha formação, alem de ter que estudar eu deveria aprender a ser um bibliófilo. Depois que fosse aprender o que quisesse também.
Em nossa livraria entrava Rubens Borba de Moraes, sempre bem trajado, educadíssimo conversava com meu pai sobre livros raros, lembro-me de vê-lo com a edição original de Hans Staden nas mãos, um dia acabou comprando. Quando Dr. Rubens, que foi bibliotecário da ONU, cedeu sua biblioteca ao Dr. Mindlin, meu pai foi junto com ele à casa de Dr. José Mindlin, que também frequentava nosso acervo, ele conversava muito com meu pai e foi seu amigo de verdade. Era admirador e respeitava muito meu pai, que retribuía o mesmíssimo respeito.
Outro bibliófilo que nos visitava era o Dr. Érico João Siriúba Stickel, colecionador de iconografia brasileira e autor do livro?Uma Pequena Biblioteca Particular?.
O tempo foi passando, eu por entre os livros, livreiros, colecionadores, bibliófilos, fui me temperando e aprendendo todos os porquês. Meu pai me deu o livro "Bibliófilo Aprendiz" de autoria do Dr. Rubens Borba de Moraes. Eu o li todo.
Meu pai me contou que se colocássemos todos os livros publicados até aquela época, sem contar as diversas edições da mesma obra, ou mesmo os diversos volumes, também de uma mesma obra, em uma só prateleira, hipoteticamente falando, levaríamos duzentos anos só para ler as lombadas dos livros. Bem se passaram quarenta anos, devemos somar a isso tudo, também, o que se publicou posteriormente. Possivelmente hoje levaríamos quatrocentos anos para executar a mesma façanha.
Fica aqui registrada uma pergunta: Para sermos bibliófilos precisamos aprender tudo isso, ler também?
Parabéns pelo evento, eu gostaria muito de estar presente, mas quem sabe no outro grande abraço!

Líbano Montesanti Calil Atallah



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