sábado, 23 de julho de 2011

JOILSON GUESPIRES EXPÕE EM EMBU - TV ARTPONTO - A REVISTA









 JOILSON GUESPIRES O ENTREVISTADO

Muito bem! Prezados leitores, nesta quarta-feira, 20 de julho de 2011, reservei o dia para ir a Embu Das Artes. Fui acompanhado de meu neto John Ball Okita e de meu filho Gibran Calil Atallah. Na verdade o objetivo era apenas lazer, um almoço e depois um passeio cultural pelas galerias e antiquários.
Falhou! Porque resolvemos no primeiro momento, adentrar o Centro Cultural Mestre Assis, no Centro Histórico da estância. Encontramos, já de saída, Gabriel Fidelis, ex-diretor e agora coordenador na Biblioteca Pública da Cidade. Estamos planejando uma visita a Biblioteca Líbano Calil, de meu pai, para exame do acervo.
Quem sabe na próxima semana. Não é mesmo Gabriel?
No mesmo local, no Centro Cultural, nós fizemos um tour pela exposição de Joilson Guespires, artista, literalmente falando. Fantástico! Ainda bem que estávamos ali.
Não perdi tempo, pedi ao Joilson que nos concedesse entrevista, fui prático! Mas ele foi mais que isso. Foi gentil.
"Com mais de mil anos, salienta, só nos restaram obras de arte".
Esta frase será um clássico, sem dúvida, ela define tudo que podemos esperar de um artista, legar a posterioridade algo que documenta sua época e o espírito de sacrifício, pois o verdadeiro, não vende suas ideias, nem as muda em troca de alguns centavos. Ou muitos.
Nascido em Embu, em uma olaria, a de seu avô, ainda quando garoto, ele sempre caminhava em direção a Igreja Adventista que frequentava, ia por uma viela, que era tomada pelos artistas. Eu ficava muito curioso, examinava as obras naturalmente, mas quando chegava de volta em casa, já que barro não faltava e movido pela curiosidade, confeccionava bonecos de barro. Logicamente, sem técnica nenhuma, quando tentava cozê-los, se quebravam, eles explodiam!
Aos treze anos trabalhei em uma marcenaria, lá aprendi a lidar com madeira.
Ao mesmo tempo eu estudava desenho. Em Embu não tinha escola, aprendia com um artista e em troca de alguns serviços que prestava. Eu os via produzindo, em seus ateliês, em minhas andanças e fui ganhando estimulo. Arranjei um jeito de aprender sem dispêndio. Meu avô não podia com despesas, já para as coisas do lar, tínhamos algumas dificuldades.
O tempo passou e eu virei assistente do artista italiano, Elvio Becherone, famoso escultor, que tinha ateliês em Detroit, Milão, Firenze e aqui em Embu. Muitas de suas obras mais representativas e importantes estão em coleções particulares ou em famosos museus da Alemanha, Bélgica, Itália, Iugoslávia, Rússia, Estados Unidos e América Latina. Ele morreu em 1980. Mas eu viajei com ele por muitos países a trabalho. Sabe? Ganhei muita experiência e know how. Trabalhamos juntos durante muitos anos, me abriu todos os horizontes possíveis e imagináveis. Isso ajudou a desenvolver meu trabalho: a consciência de que a arte necessita de devoção total capacitação técnica, etc. Eu fiquei mais maduro, aprendi que a arte é fruto e vem com envolvimento do próprio espírito. Não é artigo de comércio simplesmente.
É verdade que uso uma temática de cunho social, é manifestação sociológica, retrato das mazelas e desleixo daqueles que optam por si mesmos em detrimento de outros, do próprio meio ou colocam-se em posição de sobreposição à realidade da maioria. Mostro tudo isso a nível mundial, mas principalmente no Brasil. Precisamos nos sensibilizar e termos olhos para essa problemática. Deixar para o amanhã é pedir para vermos tudo mais agravado depois.
Meu avô colocou sapatos aos quarenta anos, tínhamos dificuldades de toda ordem. Fiquei órfão de pai e mãe muito cedo. Ele era oleiro. Veja, falo em meu avô todos os dias, tenho muito respeito a sua memória, mas deixo claro que tive dificuldades em minha formação. Era tudo muito simples, procuro também, retratar isso em meus trabalhos. Interessante notar que vão todos para os palácios. Acredito que é melhor assim, pois tenho oportunidade de trabalhar, produzindo arte e oferecendo destino às obras, ao mesmo tempo em que ganho o suficiente para continuar produzindo e que ali naturalmente se preservarão.
A posterioridade vai conferir tudo depois, ainda bem!
A materialidade aplicada na confecção dos trabalhos é ecologicamente correta, isto é, o que iria para o lixo, ou para a atmosfera, é antes preparada com anti-fungos, selamento e fungicida para ganhar durabilidade, depois transformada em obra de arte. Os críticos sempre examinam a procedência e qualidade do material, depois de aplicados na obra.
Muitas vezes me deparo com alguma dificuldade de liquidez, mas não vendo por preço insignificante os meus trabalhos, tenho compromisso com tabela e não posso trair os que já compraram antes, por preço normal. Procuro resolver este tipo de problema na minha função de marceneiro, de professor de escultura ou até mesmo de jornalista. Eu escrevo artigos sobre a nossa periferia. O tema não muda. O que tem que mudar é o tratamento dado as pessoas mais simples.
Sou jornalista de formação acadêmica, me formei pela UNINOVE, fiz Comunicação Social.
Minha formação também me influenciou na escolha da temática de meus trabalhos. Tenho compromisso de fidelidade a esse tema, não importa a linguagem que uso para desenvolvê-lo.
O mundo pode até é hipócrita comigo, mas eu não sou com ele; tenho relacionamento de fidelidade com o meu trabalho, mesmo que por determinado momento não seja aceito. Não é um fato, é hipótese, normalmente tenho colocação para minha produção.
Olha! Eu quero dizer que sou filho da terra de Embu, sou grato a isso tudo, alias é por causa daqui, que consegui respeito para minha arte, sou bem conceituado, graças a minha formação, meu trabalho de pesquisa, inclusive fora do país e minha convivência. O meio que nos colocamos, às vezes muito exigente, é componente básico para formação do artista.
Nossa geração pode ficar conhecida no futuro como geração das garrafas pet, dos carros, plásticos, pneus, etc., mas temos que legar uma arte consciente e eterna, registrando o homem, seus valores e seu tempo. Mas e os descartáveis?

Líbano Montesanti Calil Atallah 

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